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sexta-feira, 22 de abril de 2011

FERNANDO PESSOA por ele mesmo

v   Algumas pessoas sabem da minha admiração e quase devoção por Fernando Pessoa.  Sendo assim, postarei sempre que possível algumas das suas geniais obras. A seguir, do Cancioneiro, por ele mesmo, o poema nº 122.

LENTA E QUIETA a sombra vasta
Cobre o que vejo menos já.
Pouco somos, pouco nos basta.
O mundo tira o que nos dá.
Que nos contente o pouco que há.

A noite, vindo como nada,
Lembra-me quem deixei de ser,
A curva anônima da estrada.
Faz-me lembrar, faz-me esquecer,
Faz-me ter pena e ter de a ter.

Ó largos campos já cinzentos
Na noite, para além de mim,
Vou amanhã meus pensamentos
Enterrar onde estais assim.
Vou ter aí sossego e fim.

Poesia! Nada! A hora desce
Sem qualidade ou emoção.
Meu coração o que é que esquece?
Se é o que eu sinto que foi vão,
Por que me dói o coração?

Obs. O poema está digitado de acordo com o original do livro; por isso no início, as duas palavras estão em letras maiúsculas. Um português bem dito para todos.

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